Morreu no Rio, dia 26,
discretamente como sempre viveu, a pintora brasileira
reconhecida internacionalmente Noêmia Guerra. Radicada na
França, Noêmia foi uma brasileira que pintou e bordou, no
melhor dos sentidos. De cara, começou sendo premiada no
Salão Nacional de Arte Moderna de 1954, depois de ter
estudado com o pintor francês André Lhote. Em 1958, não
resistiu ao chamado da arte e se mudou para Paris,
continuando seus estudos de pintura e participando dos
Salões de Outono, dos Salões de Maio e de exposições de
arte contemporânea no Grand Palais...
Guerra expôs também, e por
diversas vezes, na Amostra Internacional de Amiens, na
Exposição Internacional Slovenj Gradel-Slovenia e em
Marselha. Ela fez bonito com seus quadros de luz intensa e
cores corajosas na Exposição do 22ème Prix Internartional
D’Art Contemporain de Monte Carlo. No Brasil, Noêmia
esteve nos salões de Arte Moderna do Rio de Janeiro desde
1951, nas Bienais de São Paulo de 1963, 1967 e 1975...
Noêmia Guerra era um nome e
tanto. Não vou falar dos títulos, das premiações, das
sociedades importantes de que ela foi membro, vou falar da
mulher inteligente, interessante, curiosa, sempre aberta a
descobrir novidades. Interessada por filosofia, participou
dos cursos do College de France e foi membro ativo do
College International de Philosophie, em Paris. Mobilizada
pelos problemas da sociedade, participou durante os
últimos 15 anos dos Forums na cidade de Le Mans,
organizados pelo jornal Le Monde. Ultimamente, ela se
dedicava ao estudo da caligrafia da China e do Japão...
Não bastasse tudo isso,
Noêmia pertencia ao top do pico do cume do high carioca.
Mas não era a vida em sociedade que fazia a cabeça dessa
artista, muito mais voltada para os pincéis e a filosofia.
A brasileira Noêmia, além da obra notável, deixou uma
família de grande qualidade. Mãe do empresário do setor
imobiliário Ricardo Cordeiro Guerra e da pioneira na luta
pelos alimentos orgânicos no Brasil, Rosa Cordeiro
Guerra... |