Paris
– Via VARIG – Noêmia Guerra é uma pintora brasileira que
está há 7 anos trabalhando em Paris, onde expõe seus
quadros, atualmente, pela primeira vez. Tendo desistido de
toda uma vida construída diferentemente, para se dedicar
exclusivamente à pintura, a artista trabalhou quase
anônimamente durante todo este tempo. Sua primeira
exposição foi ianugurada na semana passada, na Galeria
Jacques Massol.
A
pintora não fez nenhum tipo de concessão para chegar onde
chegou. Pintou até o dia em que, por força das
circunstâncias, sua arte chamou a atenção dos entendidos.
Foram eles que foram buscá-la em seu atelier de
Montparnasse. Os vinte e dois quadros – representando
paisagens brasileiras ou esboçando figuras típicas do
nosso regionalismo nacional – que integram a exposição,
estão pendurados nas paredes da galeria. A satisfação da
artista é enorme e confessada. |
O
CRÍTICO
A
exposição de Noêmia Guerra é apresentada no catálogo por
G.S. Whittet, crítico inglês que durante vinte anos se
dedicou à pintura para uma publicação de arte que dirigia.
É ele quem escreve: “Se seu nome significa guerra, sua
pintura significa paz. A paz conseguida quando se atinge o
conflito entre as idéias, os pigmentos e sua aplicação é
resolvida. Quando vi pela primeira vez os quadros de
Noêmia Guerra num apartamento perto do céu na vizinhança
de Montparnasse, eles brilhavam com uma beleza sombria em
púrpura profunda nas quais estandartes em verde primaveril
e vermelhos florais representavam seus emblemas de
batalhas. Revi-os, mais tarde, numa galeria instalada num
subsolo em Londres, onde seu sabor exótico e ardente
parecia mais rico ainda. Conhecendo os quadros pude
conhecer a pintora. Esta mulher que vem do Rio de Janeiro
possui uma seriedade que provém de uma profunda
experiência da vida, com seus sofrimentos e alegrias, suas
simplicidades e decepções”.
Mais
adiante, Whittet afirma: “Para Noêmia Guerra a pintura faz
de cada quadro um pavilhão, um estandarte de fé à devoção
do domínio onde Piero della Francesca trabalhou, ao qual
Rembrandt misturou seu suor, e no qual Cezanne
experimentou suas sensações. Sal pintura tem uma força que
é a maior de uma mulher que, em toda lucidez seguiu sua
vocação. A arte é o autógrafo da personalidade. A medida
que a ciência progride a arte recua. Mas, felizmente,
existem ainda alguns pintores que fazem confiança à
bússola de seu próprio magnetismo. Noêmia Guerra é um
deles: ela não pede aos expectadores, nada mais que seu
olhos. Estes conquistados, conduzem ao país da luz, onde
não se procura nada e não há caminho. Olhamos e recebemos.
Superfícies coloridas, ricas e sonoras irradiam uma
luminosidade que é Pintura”.
“Como
poeta – finaliza – acho que nas suas paisagens de luz, tão
generosamente doadas, Noêmia Guerra abraça a vida com uma
felicidade corajosa que poucos de nós possuímos. Como
crítico, estou certo de que sua mensagem é lisível sem
código, que se trata de uma pintura que é pintura no
estado puro de significação universal”. |